sábado, 30 de janeiro de 2016

Vouvada çege

Vinte e cinco de dezembro, quando o galo deu sinal e nasceu o menino deus... 

Qual deles?

Saudamentos, caro leitor. Tão caro que estou cogitando a possibilidade de vendê-lo no mercado negro, já que no oficial isso é crime. E, depois de vendido, não ter mais para quem escrever (e, com isso, férias ad eternum). Se um amigo custa 240 mil reais em valores de 2011, hoje uma pessoa qualquer deve valer isso. Crise. É hora de buscar a oportunidade de fingir que nada está acontecendo — e acreditar piamente nisso. Algumas viações nadaram de braçada em 2015, diante da derrocada de empresas que conheci apenas há poucos anos, mas que acabei considerando tanto: Pluma e Reunidas, que já estiveram algumas vezes aqui.

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Aliás, falando em Reunidas, sua saída das linhas DER/PR deu aporte ao crescimento de uma empresa de nem tanto respeito assim, idolatrada pelos buseiros de Rodoferroviária e de Barra Funda: o Expresso Princesa dos Campos. A postagem de hoje é sobre um ônibus dessa coisa que, no ano de 2014, comemorou 80 anos. Prepare-se, e depois fique quieto na embalagem para que eu possa te vender com tranquilidade, leitor caro para *aralho.

Bilhete de passagem, agora em papel térmico e com adereço de brinde.

Enfrentei problemas para viajar por ela em 2013 e 2014, o que me levou a um hiato de quase dois anos procurando rotas alternativas à passagem por Guarapuava, que tornava obrigatória a experiência de tomar um carro da Princesa. Na verdade, até o começo de dezembro, a intenção era a de continuar assim mas, sem muitas alternativas para o dia 25, me vi obrigado a dormir com essa.

Comprei a passagem pelo site na esperança de ver uma melhora nos serviços e, na hora de trocar o voucher, me deparei com isso aí em cima: passagem o escambau, agora é uma espécie de nota fiscal, papel térmico e praticamente impossível de arquivar (pelas dimensões e principalmente pelo desgaste da tinta). A Princesa já utilizava esse tipo de bilhete nos embarques de estrada há muitos anos, e agora o adotou até nas passagens de guichê. Esse informe pregado atrás, que não é dado pra qualquer um, traz um desafio:


Ninguém viaja no dia 25 de dezembro. Em 2012, entre Pato Branco e Guarapuava, 10 passageiros ao longo de toda a viagem. Em 2015, a linha foi cortada nos domingos e feriados e quem precisa fazer esse deslocamento é obrigado a aguentar os... Argh.

Só espero, do fundo da minha alma, que você não tenha tanta pressa de terminar a viagem. Qualquer — absolutamente qualquer — paradinha, por mais torpe que seja o motivo e não na beira da estrada, leva cerca de 20 minutos. Sem aviso e quase que sem poder descer do carro para banheiro, água, etc.

Poltrona do modelo novo: mesmo conforto do modelo antigo.

Os Papeldiso 1600 são fixos da linha entre Francisco Beltrão e Curitiba desde abril de 2014, quando a Princesa parou de mandar ônibus iguais a este em uma viagem que, na íntegra e considerando as letargias, dura cerca de 9 horas. Eles são perfeitamente aceitáveis (40 lugares com encosto de perna), porém, antes deles, a linha já foi abastecida com padrão superior — e que enche os olhos do passageiro desinformado.

Aproveitando para fazer uma errata sobre o post do Reunidas: o percurso via Palmas e União da Vitória também é feito pela Princesa e, desde 1 de dezembro, tão somente por ela (aquela história do DER/PR citada antes), no qual escala veículos mais antigos e os Road para tomar altas porradas da PR de 280 milhões de buracos.

Como as rodovias PR-158 e BR-277 têm viário muito bom, vale arriscar um — literalmente — alto padrão, muito embora a grande mãe Cattani já o faça desde 1998.

Salão lotado para um 25 de dezembro.

Finalmente, depois de anos denunciando a G7, um carro que salva. Não peguei chuva para saber se enfim existe forração no teto, mas os maleiros de salão foram um espetáculo à parte. Pouca ou nenhuma vibração, mesmo com o asfalto sofrível de Guarapuava fazendo força para acabar com a alegria. Olhando com calma por dentro, os suportes laterais colocados aos montes explicam o fenômeno. Hoje em dia, já se fabrica G7 com suportes verticais como nos GV. Ainda bem.

Não é a primeira vez que viajo em LD dela. Em julho de 2013, experimentei o então inédito TOP LIXO e, por não ter viajado no fundo do carro, me vi obrigado a ter que ouvir apenas o sacolejo do maleiro. Aliás, não poder sentir que tinha um motor carregando aquele monstro e ver praticamente todos os outros passageiros dormindo só me deixaram com a impressão de que LD Volvo não é feito pra quem gosta de ônibus de verdade, só pra passageiro comum. 

O 6432 não desfez essa impressão, embora tenha chegado muito perto disso.  

Mas espero que seja a última vez em que eu precise viajar de LD. Não falo apenas pelo da Princesa, e sim no geral.

Vista panorâmica? Isso só existe pra quem viaja na primeira fila, aquela que dá de nariz com a carreta na hora do acidente. Pra mim, eu, que só viajo na última poltrona, aquela do lado da geladeira, não serve.

Bagagem? E quando os maleiros de baixo não vão lotados, como fica a estabilidade? Sem peso, a carroceria, alta demais, não se assenta bem no chão e a viagem no 6432 foi a prova disso. Apenas malas de cerca de 20 pessoas, motorista enchendo o pé, trechos de descida, sem aquele tradicional arrego eletrônico que senti no TOP LIXO, tudo isso diluído em milhares de curvas dos mais diversos tipos. Há anos não ficava tão perto de vomitar em ônibus como naquela ocasião.

Imponência? Pra quê? Pra quem serve? Pra quem não está viajando no ônibus? Pra quem vir de fora ficar morrendo de inveja? Sair bonito na foto (de que jeito, com insulfilme)? Se chegar bonito, pra você, é mais importante que chegar bem, que vá você de LD e me deixe no meu mundo de Paradiso 1200 e Jum Buss 380, onde sou muito feliz. Faleu, valous.

Estreou em abril de 2014 no Beltrão x Curitiba, linha antes dominada por tocos.

Algumas coisas, pra mim, ainda ficam sem explicação. Câmbio automático é uma delas. Você tem duas mãos, amplamente funcionais, que já conseguem controlar o volante, alavancas de seta, de luz, painel de botões, (dependendo da empresa e/ou do serviço) rádio e tv, roteador... Até garrafa de água. Por que elas não poderiam passar marchas?!

A respeito disso, ao observador e ouvinte que está lá na poltrona 42, isso passa batido. O motor verde faz subidas e reduções de marcha, simula ponto-morto (quando não é de verdade; por exemplo, nas "banguelas"), arranca, dá retomada, etc. E ainda não sobe marcha quando a intenção original do motorista seria reduzir, o que ocorre com o carro seguindo ladeira acima — erro comum no B9R. Tudo isso como se tivesse uma palanca de câmbio na cabine do motorista. No B9 e nos I-Shift mais antigos, existe uma que se assemelha à de carros de passeio (P, R, N, D). No I-Shift de hoje, se é que tem alguma coisa, é no meio das alavancas do volante, como no sistema de transmissão da Scania.

E esse é o comportamento que você pode ouvir no material que deixo aqui no fim da postagem, de um carro com motor forte e transmissão inteligente que constituem um casamento voador. Tradicionalmente, não gosto de Volvo, tendo passado a infância em Aparecida e fumado várias carteiras de B58 e B10 das mais diversas origens. Mas para este, apesar de tanta tecnologia embarcada (me sinto mais à vontade com processos analógicos), eu posso tirar o chapéu. Nem que seja só para coçar a cabeça.
 



E até a próxima.