sábado, 30 de novembro de 2013

A viagem de xi... riram!

Saudamentos. Bem vindo, caso não tenha visto este blog em algum momento da história da humanidade. Aproveite e leia os outros 40 artigos que aqui já foram publicados, caso sejam de seu interesse. Só ir até a guia "Arquivo", à direita.

Desta vez... Você, meu leitor, se lembra das duas vezes em que falei da Pluma (vez 1 | vez 2) e que, nessas oportunidades, dei pouca idéia    e fui maldoso, talvez    a respeito do serviço oferecido pela concorrência?! Então, chegou o momento de falar dela.

Porém, com todo o teor histórico que a viagem em questão carrega comigo, fica difícil falar só do carro. Juro que, se cansar antes, pode mudar de página.


A despeito de a frota da Kaiowa ser aritmeticamente mais nova, fiz duas viagens com ela em razão do horário previsto de chegada    que cruza com a saída do outro ônibus que preciso pra fazer o caminho (que hoje é de rotina), em Guarapuava (PR). Sobre a primeira comento muito inseguramente, pois foi em um dos dois únicos Marcopolo de toda a empresa. E...

- Piá, vai logo, fala da segunda viagem, que a primeira a gente já sabe, pô! A gente já sabe que tu enche a boca pra falar mal de G7, mais um pra conta não dá!

Tem razão, marelão. Prosseguindo: e por ser toda Mercedes, e o modelo mais alto ser escalado, até hoje, na RIO x FOZ, foi nele que fiz uma viagem que mudou a minha vida. 

"É hora de buscar os lenços, um cházinho, ou água com açúcar. Pois trata-se de um legítimo BUSSCAR."


1 de março de 2012. 16h20 (sim, ele chegou com 50 minutos de atraso por falha mecânica, segundo o motorista, um baixinho fluminense muito tranquilo). Por isso mesmo, ele correu o quanto conseguiu pra conseguir chegar, pontualmente, na garagem da Vila Guilherme, em São Paulo, onde foi feita a troca de turno, o reabastecimento do cooler e o despacho de encomendas.

Não teve parada no restaurante caro de Mogi das Cruzes.

Aqui, se encontra um grande problema: movimentação dentro de São Paulo. enquanto o concorrente não faz embarque na cidade e, por isso mesmo, só vai até a garagem    e, mesmo assim, demora pra bós    ele ainda precisa ir atrás do povo na rodoviária da Barra Funda. Depois, porque é seqüência do itinerário.

Se lembrarmos que, entre a marginal Tietê e a garagem, existia um longo caminho em torno do Center Norte, irá entender. Mais ainda, pois era começo de mês e época de compras pro dia das mulheres.

OBS: a garagem mudou de local. Na ocasião, ainda era a da Vila Guilherme (a Pássaro Marron). Ela foi entregue à família Penido, e desde então tudo foi transferido pra Guarulhos, próximo à Fernão Dias.

No entanto, algumas horas adiante, o chofer paulistano que tomou as rédeas da viagem resolveu tomar como ponto de apoio... Um dos postos da rede do sr Augusto Liberato, cujo qual já lhe mandei a devida saudação. R$ 16 por dois chocolates, um chocolate quente, dois pães de queijo e um deck de balas.

Até aqui, a parte que não contei na entrevista.


A respeito da carroceria, precisamos entender o que se passava àquela época: a crise da GOL já estava atingindo os funcionários da companhia, mas não, ainda, as empresas de transporte rodoviário do velho. A frota delas ainda era apresentável.

Todavia, notava-se que mesmo o Jum Buss, no alto de seus quase 4 anos de idade, à época, já se balançava um pouco. Todas as poltronas estavam reclinando normalmente, devidamente limpas, etc e tal. Cooler funcionando, água fresca correndo solta lá dentro. Banheiro idem, embora saísse um verdadeiro chá de hidrogênio da torneira (nos Marcopolo é igualzinho, não?!). Os cintos, retráteis, davam conta do recado naquela ocasião.

O balanço estava nos maleiros do salão, que já sentiam um pouco os esforços e a idade    e lembrando que, na linha Busscar da época dele, são menos barras de sustentação    e os televisores, pesados e inúteis, já que não são ligados em instante algum da viagem, que, bem como na concorrente, dura, num cálculo conservador, 25 horas.

Mas um G7 consegue estar assim em menos de um ano...

- Pula pra próxima, chega de falar de G7, piá!

Mecânica. Como já falei na oportunidade do 18-320, potência pouca é bobagem. O OM457 já foi estrela aqui no blog, mas naquela ocasião esqueci de enfocar o seguinte:

ESSE MOTOR É UMA ORQUESTRA!

Embora a qualidade da gravação não ajude muito, nota-se um funcionamento limpo, respostas rápidas e, claro, um berreiro infernal. Mas é o berreiro mais lindo do mundo, vindo de um motor que parece feito pra ser bastante esticado durante a condução. Dado um momento do áudio, vai notar que ele mantém giro alto pra continuar no embalo    os Scania conseguem segurar um ritmo com rotação mediana. Já era o trecho depois da garagem, onde o piloto da vez arrancou com força, desceu o bairro como quem estava fugindo da polícia (onde o freio-motor se mostrou bruto e amarrou o carro, quando chamado) e botou o nosso querido jumbão de volta na marginal.

Mas os primeiros minutos mostram como foi o anda-e-pára do tráfego dentro do bairro. É de ficar com dó, pois até no ponto-morto ele canta bonito, mesmo não tendo sido desenvolvido pra ficar preso em meio a um monte de automóveis particulares e seus desinteressantes proprietários paulistanos, sedentos por afogar suas mágoas em compras no melhor american way of life.

O resto, só ouvindo mesmo. Antes de encerrar, uma informação importante.

- Achei que tu já ia esquecer... Aquela história do bafo quente, né, piá?!

Isso aí. Não posso deixar de falar do mais crucial defeito do rodoviário joinvilense. Nesse carro, nem é a poltrona porque é a da boa    tem a da ruim, também. O problema é que o fundo do carro simplesmente não resfria. Parece que a carga térmica do Climabuss foi calculada corretamente, e no fim das contas foi distribuída "à propria sorte", no que resulta o centro do salão ser um congelador, e os extremos (principalmente o traseiro), uma sauna.


E até a próxima.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Bolor

Saudamentos. Pra você, que está lendo este blog pela primeira vez, seja bem-vindo e não se assuste. Às vezes, o que se encontra escrito aqui pode ser interpretado de modo que te pareça bruto, doloroso, mas a intenção não é essa.
 

   Por que diz isso, piá?!
Sei lá!

A questão é que o blog está de aniversário. 5 anos é tempo demais, eu acho.
   Uma hora isso aqui vai ter que acabar.

Não, a questão não é bem essa, afinal, que diabos é um aniversário?! Sei lá, afinal, nem o meu eu comemoro. Quem dirá o alheio. A questão é que quero aproveitar a ocasião pra resgatar um pouco do que o passado recente nos tinha reservado, pra finalmente desaparecer (não tão) em paz. Mas, antes...

Gostaria de falar um pouco sobre um projeto recente e de grande valia para os apreciadores do ônibus. Com a expansão do mercado de web-rádios, surgiu uma com um programa feito pra nós (algo que seria considerado impossível há 5 anos), apresentado por alguém que não se importa de nos ouvir falando de chassis, de rodoviárias, entre outras coisas    muito pelo contrário, até entra na onda. É o "Mundo do Ônibus", que passa diariamente na rádio cujo link está ali no canto direito, mais pra baixo, na foto do Vissta Buss. Vale a pena dar uma conferida.


Há cinco anos, nós tínhamos mais prazer em gostar de ônibus. Eu tinha. Vou falar de mim, pois não tenho procuração para falar de outros. Começando pelo mercado rodoviário:

De prima, por uma fabricante catarinense, cujo poderoso-chefão era um senhor evangélico. Ela estava começando a engatinhar, depois de tomar um capote da crise econômica que, àquela altura, estava acabando. Algumas viações tiraram a confiança que haviam depositado nela antes da crise, quando conseguia, com algum pesar, entregar veículos bem construídos. 

Haviam mais desenhos quadrados por aí; não só por isso, como também porque tinha, ainda, muito série Marte, GV, Galleggiante, entre outros talhados na reguada. Todos eles em operação.

   Por acaso, tu não tá querendo dizer que desenho de ônibus era de ônibus, e desenho de carro era de carro, piá?!

Exatamente. Um destoava do outro; o ônibus não tinha, como função, ser objeto de exibição. Desenho sóbrio era pra ele. Era funcional, punto e basta.

Pouco se tinha notícia de empresa ruim. Talvez porque os grandes empresários ainda não estavam tão inchados, fazendo cagada sobre cagada (exemplo). E, pelo menos no setor rodoviário, todo mundo estava bem. Famílias tradicionais, como por exemplo os Penido, os Romano e os antigos donos da Sampaio (me fugiu o nome, peço desculpas), se importavam em manter um determinado padrão de qualidade. Carros limpos e com a manutenção em dia. Motoristas operando com menos pressão e melhor remuneração. Era perceptível a boa vontade naquele ambiente. Até a turma do seu Jelson oferecia uma boa estrutura.


A situação do transporte urbano era ainda mais distante do que se encontra hoje. A foto acima é um ilustrativo: as operadoras tinham caras próprias e as davam aos tapas, mesmo com suas dificuldades.

A propósito, essas com problemas eram as mais interessantes, do ponto de vista fotográfico    até para o passageiro, na maioria dos casos (exceção). Em que lugar do Brasil, por exemplo, seria possível dar uma volta de F94?! OF-1620, F113?! Há cinco anos, nas cidades onde essas empresas estavam instaladas. Sim, pois já existiam aquelas que renovavam a frota "muito rapidamente até demais", como esta. 

Sem contar a parte da bilhetagem impressa, detalhe não muito relevado no rodoviário. Era bem mais fácil economizar alguns centavos da tarifa (que não custava tão caro) quando se tinha a figura do tiozinho, que ficava nas paradas mais movimentadas oferecendo aqueles passes.

Essa, ainda, era uma época de transição, em relação às faces interiores dos ônibus. Àquela época, entrava em vigor o conjunto de normas da ABNT que deixava todos eles iguais por dentro. Destaque para:

(1) corrimão do teto e balaústres em amarelo    cor que encarde muito rapidamente, sendo que outras podem ser interpretadas sem grandes problemas por daltônicos e similares e, claro, a própria presença dos balaústres: mais metal pra fazer barulho lá dentro. Mais lugar para passageiro enfiar a cabeça;

(2) elevador, box de cadeirante e sinalização para cegos    artifícios muitas vezes sequer utilizados, que aumentam o custo de aquisição e manutenção dos veículos, sendo que muitas vezes essas pessoas são ISENTAS de pagar, mesmo que seja qualquer valor simbólico.

Pra mostrar que a padronização não está só no lado de fora, com as pinturas.

Tem mais: não se criam mais coisas curiosas como antes. Não se faz mais artiCOlado, nem 180 cavalos puxando alongados e muitos dos inúmeros torrados (para ilustrar) sequer podem ser reaproveitados, por exemplo. 

Isto é, coxinharam, o politicamente correto também chegou no mundo dos transportes. Só falta Baltazar, Ronan e Constantino abrirem uma instituição de caridade, cada.

Por essas e outras, digo com tranquilidade que gostar de ônibus, há cinco anos, era mais fácil. E que venha a geração OB.

Até a próxima.