sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O caminho das minhas pedras

Saudamentos, meu caro. Estive dois meses sem postar por motivos de força maior (tempo) e, enquanto queimava neurônios, devido à faculdade, produzia conteúdo. Ah, claro, e nas férias, fui passear no Inferno. É sobre essa visitinha - na qual entrevistei o gramunhão, tirei foto com ele, dei bica nos gramuinhos e fui chamado de banana pela gramunhoa - que venho tratar hoje.

Com ares de decepção, pois, apesar das mudanças visuais nas empresas de lá, organização e manutenção das frotas ainda são os mesmos de antigamente. Aliás, com derrocadas.


Começando com isto: a padronização da pintura intermunicipal em todo o Vale. Como se não bastasse que os ônibus estejam ficando da mesma cor, praticamente todas as empresas optaram e seguem com um modelo, o que dá um novo significado à sigla: Empresa Metropolitana de TORINO U ("Torino U" é o nome de registro do modelo nos anais da Marcopolo). Outra carroceria pareceria jóia rara, não fossem os Urbanuss do andar de baixo.

A casca azul - cinza para os rodoviários - começou a valer em março, e a primeira empresa a se adequar foi a Viação Jacareí. Apesar das suspeitas de interferência do "eterno" Baltazar, que são só suspeitas (os dedos do homem estão em outra, a Cidade Natureza), seu serviço continua bom. A propósito, uma salva de palmas: a qualidade da limpeza parou de cair - só pra constar, esse setor hoje é terceirizado. Carro dela, por dentro, ainda é limpo. A manutenção já não era ruim, mas não melhorou; há carros com letreiros queimando. É o que dá deixar a lona de lado.

Já que falamos anteriormente em Cidade Natureza,  é nela que se encontram os Torino mais bagaços da bagaça. Lógico que não podemos deixar de considerar o contexto de operação - a SP50, sr. governador - no entanto, na administração anterior, que é a mesma que faz o racho com o tio em Caçapava, a frota da época rodava melhor apresentável. Traduzindo: não eram carcomidos vindos do litoral que faziam o serviço.

A Redenção é um caso à parte, os EMTU dela são reflexos de todo o seu resto.  

O texto está sem itálico e em fundo azul para se adequar às normas da EMTU.


Litorânea e Pássaro Marron continuam deixando cada vez mais a desejar. Tanto que, segundo bocas pequenas de grande valor (entenda-se futuros fiscais, recrutados pelo concurso público da EMTU), essas duas são as únicas viações passíveis de multa nas vistorias. Maus bocados com horários e manutenção da frota, que começaram a brotar de maneira insustentável, em relação ao padrão filho-do-Penido (que já não era tão bom assim), e infectam a imagem das duas até em setores considerados prioritários, como São José dos Campos.

No Vale Histórico, a cena é mais violenta. O encarregado que substituiu o velho Brás, em Guaratinguetá, apela pros pneus num marketing externo: pretinho neles. Por dentro, luminárias, vidros e revestimentos encardidos a nível de boteco de esquina. Isso é nos urbanos.

Viajei no 7918, que, além das tretas acima, ainda tinha poltronas com cintos de segurança inutilizados. A respeito dos rodoviários, ainda rodam em esquema bate-volta: chegam no terminal, não ganham sequer uma vista rápida (varrida, levante de poltronas) e já são carregados pra próxima rodada. Tranquilamente chegam a 10 horários por dia - mais que isso, dependendo da escala.

E o caso da Marron ainda é menos absurdo que o da Cometa, onde o busão faz só duas viagens, fica a noite toda na garagem e vai pra estrada com cheiro de banheiro sem Glade.



Mas olha, piá, essa empresa aí tá fazendo um esforço gritante pra ficar pior que a Marron, daí.

É essa a impressão que ela tem passado, em especial com as linhas que eram do Expresso Brasileiro. Bem, em Aparecida, de uma forma geral. 

No episódio da visita do Bergoglio, dentre os cerca de 200 mil visitantes, boa parte deles foi de ônibus de linha - até porque metade do pátio do Santuário foi fechado pra acomodar a estrutura que recebeu o homem, e os poucos espaços particulares estavam lotados - e pra que fosse embora aquele povo...  

Pense no caos: foi pior que isso. Mais de 20 carros, divididos entre Marron e Cometa, atochados dentro de um habitáculo, formando uma cena que mais lembrava um formigueiro sendo bombardeado por moleques. Embarque na plataforma, no meio da rua; com carro atravessado, de costas, de ponta-cabeça, do avesso e o caralho a quatro. Detalhe: sem controle de horário; você comprava passagem pra uma determinada linha e um horário X, e, caso conseguisse derrubar meio mar de pessoas pra chegar junto no motorista, poderia ralar peito naquele momento. As duas operaram no modo lotou-sai-fora.

A ocasião foi tão grandiosa grotesca que o guichê ficou sem papel pra bilhetes até, no mínimo, sábado. Fui lá e me mandaram dar 20 reais ao motorista pra entrar no 3508 e ir embora. Embora do Inferno.

Pra encerrar, deixo aqui uma foto que ilustra a única boa notícia vinda desse tour pelas minhas origens: um dos 9 novos articulados que o Governo do PT e as empresas de São José dos Campos compraram, num pacote de melhorias que fecha com corredores exclusivos em 4 avenidas arteriais do Centro, mudança de linhas e internet sem fio a bordo das barcas - que ainda não conseguem voar, já que o motorista do carro não se acostumou com a idéia de dar uma faixa de rolamento pra elas.


 E até a próxima.