sábado, 9 de fevereiro de 2013

Pau na máquina

Saudamentos, caro leitor. Hoje é carnaval, pra quem gosta. Pra quem não, já que o negócio é, muitas vezes, vagar pela internet, aproveite e leia essa postagem.

Desta vez, não falarei sobre nenhuma cidade, empresa; nenhum carro, nada disso. E sim sobre uma coisa que está diretamente ligada não só ao colecionismo fotográfico, mas à sociedade amante da boa recordação: a escolha da câmera.

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Apenas antes de começar, gostaria de lhe informar sobre a nova página da Rodoviária Digital ® no Facebook, onde estão sendo postadas curiosidades, tirinhas de "humor inglês" e outros materiais mais específicos de fan-page. O Café Rodoviário ®.

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Estando a registrar ônibus há mais de quatro anos, eu poderia ser inexperiente nesse quesito, visto que conheço pessoas que ainda têm a mesma máquina fotográfica da época, funcionando até hoje (e perfeitamente). Porém, tal como o sedã de um taxista, o modus operandi do equipamento de quem fotografa na rua é mais intenso e em piores condições, portanto, a necessidade de se trocar o equipamento com frequência é presente.

Historicamente, ele vai pro bolso, pra mochila, entra e sai freneticamente da capa protetora; enfrenta sol, chuva, vento e lazarento, granizo, fuligem, poeira. Tudo isso só colabora com a captação de fungos por parte da lente (que é vedada nas máquinas amadoras, mas não a torna livre das intempéries). Eu mesmo já estou na quinta câmera, e, no último mês de dezembro, manuseei outras quatro a título de necessidade e, ao mesmo tempo, teste.

ATENÇÃO: as fotos desta postagem não passaram por nenhum tipo de edição - EXCETO redução de tamanho e inserção de créditos - para garantir a isonomia diante de quem quiser conferir a qualidade de captação de cada equipamento.


Kodak - estando ela à beira da falência, não deveria citá-la; entretanto, ainda é possível adquirir um modelo de segunda mão, logo, se faz necessário comentar sobre ela.

Talvez uma das razões para a quebra da marca é ela não ter disponibilizado câmeras básicas com mais que 3x de zoom óptico. Um dos grandes problemas da linha Easyshare é justamente esse, além de que o alcance das lentes é extremamente curto (e lembre-se que, quanto mais longe do alvo, menos distorcido o veículo sai na arte final)...

- C813 (linha 2009): 3.6mm a 10.8mm
- C182 (linha 2010): 3.2mm a 9.6mm *ver comparativo

 ... sem contar que os sensores AF não conseguem mais manter a nitidez da imagem a partir do ISO 400. 

Para registros em movimento, o modo de estabilidade dessas câmeras é tão ruim que eles saem menos tremidos no automático.

A salvação da linha é o fato de ela ter sido a única, para a época dela, a dispor de memória interna (16 megabytes, para emergências, é um trunfo). Também por uma foto dela ser levíssima (uma de 8 megapixels - 3296x2472 - na qualidade normal pesa cerca de 1MB) e a boa abertura do diafragma permitir milagres noturnos - é possível fotografar com pouca iluminação sem o tripé, mesmo o resultado saindo ligeiramente escuro, e obter o carro estável. Além disso tudo, ela economiza energia das pilhas (AA) como ninguém.

E ainda hoje há peças para a C182 no mercado de reposição, caso ela dê pau.



General Electric: a fabricante que faz jus ao nome, de lâmpadas a eletrodomésticos, e, no meio, as máquinas fotográficas.

No meio de 2010, todas as concorrentes da sua faixa de preço - até 500 reais - ainda tinham distâncias focais ampliadas em 3, ou, no máximo, 4 (nas Cybershot, da Sony) vezes. A marca pouco popular no setor ganhou minha atenção.

Na J1250 os problemas são outros. A captação não é tão "cremosa" quanto a de outras lentes, e os balanços de branco mais se parecem com balanços de AZUL. Curioso é que, dependendo da situação, uma foto contra o sol sai mais nítida e com as cores mais vivas que uma a favor dele. Ela, assim como a Kodak, não é uma grande campeã de estabilidade, apesar de no período da noite também ocorrer de conseguir fotos sólidas.

Só que os atributos positivos fazem valer a compra. O alcance é o maior que já vi até hoje (6.3 a 31.5 mm) entre as básicas. Dispõe de um sistema de memorando que garante 1 minuto de áudio - formato wave - para cada foto, discreto a ponto de poder ser ativado com a câmera dentro do bolso, facilitando seu uso secreto.

Para melhorar, a bateria de lítio é bastante econômica, a velocidade do ligar/desligar é altíssima e os recursos do modo manual funcionam, possibilitando as configurações de branco e o ISO.

Ela tem, ainda, um recurso típico das Canon avançadas, o disparo lento (onde o obturador fica aberto por n segundos e captura toda a luz em volta do ambiente, gerando depois disso uma arte final mais clara e definida).

E, se quebrar alguma coisa, toda a linha J tem assistência e peças até hoje.



Fujifilm: dessa marca não dá pra reclamar, até o momento que sua câmera sinta vontade de estragar.

A linha AX, de modelos a pilha, já saiu de circulação, enquanto a JX, movida a bateria, continua, aumentando os megapixels possíveis a cada ano. O que é uma sacanagem, levando em conta que a autonomia dos modelos da marca é razoavelmente baixa.

Aqui está a melhor "viscosidade" fotográfica vista até hoje. Em ISO 200 se vê o supra-sumo da relação estabilidade x profundidade. Em ISO 400, sob nublado, também; já em 800, a foto vira uma flanela; em 1600, piorou; em 3200 ela encolhe automaticamente para 1600x1200 (ou 1600x900); em 100, a firmeza fica devendo.

Um trunfo que foi se perdendo nos modelos atuais é a distância focal, anteriormente mais alta. Comparação:

- AX/JX300 (linha 2011): 5.9 a 29.5mm *ver comparativo
- JX580 (linha 2012): 4.6 a 23mm *ver comparativo

O balanço de cores não fica mal. O toque de mestre é do nublado em dia nublado - ou então à noite, sob luz amarelada, onde fica melhor que se utilizado o modo noturno - enquanto o normal (luz do dia) dá show quando o alvo está a favor da luz - quando contra, o nublado também é boa pedida.

Infelizmente, como a GE, a Fuji não tem memória interna, e as fotos são um tanto pesadas (uma em 4288x2416 beira 3MB), e, tal qual a Kodak, não tem memorando.

E o pior: quebrou, perdeu. Assim que um produto Fuji deixa de ser vendido, parece que o estoque de peças desaparece. Constatei por experiência própria, e foi uma razão para optar por uma Canon, recentemente.


Nikon: fotos como as de Mateus Barbosa e Sulimar Silva me inspiraram toda a confiança para comprar uma máquina da marca. Em um dia eu a estava devolvendo à loja.

O carinho que há no tratamento das câmeras avançadas e profissionais praticamente inexiste nas low cost. O modelo agrada, à primeira vista, pelo alcance focal que, junto da Powershot (Canon), é atualmente o maior da categoria (5 a 25mm), e pelo sistema de zoom operado por uma espécie de chave/manche - que a Canon também tem.

O encanto acaba quando você sai para fotografar, se depara com um aparelho lerdo e que nunca consegue focalizar o objeto inteiro (sempre com uma ou duas sobras desfocadas). E claro, também com imagens que parecem montadas em areia de construção, visto a alta porosidade na divisa entre pontos claros e escuros. 

Por outro lado, se as lentes Nikkor são tão eficientes quanto as de um celular mequetrefe, elas são as melhores pra quem gosta de trabalhar com panning. E, no sistema operacional, você encontra o tal do memorando, que não é tão prático: só se ativa pelo menu e permite apenas 20 segundos de gravação de voz - que também sai em wave.
Sobre peças, se quebrar, não vai ficar na mão. A oferta fica na média com outras marcas.

 
Canon: depois da frustração, a glória. A marca é referência antiga, como Kodak, Fujifilm e Polaroid (esta última não dispõe de câmeras simples). Como só tinha de opção ela ou a Fuji - e, bem, lembremos da falta de peças - então fiquei com a primeira.

De relance, o controle do zoom por chave/manche chama bastante atenção. Olhando mais atentamente, o encarte dianteiro é de metal, enquanto em toda a concorrência ele é de plástico. A oferta de zoom é ótima, assim como a distância focal - para os dias de hoje.

Na verdade, a sensação que se tem é que ela não tem 5x de zoom óptico. Por conta da tal distância, a Fuji ia mais longe - digo IA, veja acima - mas essa é uma característica de todo o setor de amadoras. Põem (zoom) pela direita e retiram (focal) pela esquerda.

Pontos para a recepção de cor e a porosidade, os ares da graça. O primeiro por dar leveza a tons que normalmente ofuscariam e presença aos que ficariam na discrição, o segundo por assegurar um pouco mais de estabilidade, mesmo à foto levemente tremida.

Bingo também à velocidade em ISO 200, excepcional, e à pouca diferença - a menor entre as marcas - de qualidade entre ele e o 400, além da melhor marcação do alvo no 800.  Entretanto, é nele que mora uma das ressalvas do aparelho: há uma certa confusão na calibragem da luz e, nisso, numa situação onde uma imagem com ISO 400 ficaria estável, ela sai toda esculhambada.

Outro ponto negativo é a ausência de memorando.

Em relação aos balanços de branco, o nublado é tão bom que vale a pena utilizá-lo mesmo debaixo de sol forte, pois o alaranjamento da Canon é sutil (enquanto o da Fuji passa do grotesco nessa condição). Durante a noite ele também é de boa valia, apesar de ser menos influente que o da Finepix. *ver comparativo

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Outras considerações: os ajustes focais não foram os únicos que mudaram de quatro anos pra cá. Hoje, a resolução dos registros praticamente dobrou e as dimensões dos equipamentos caiu pela metade, resultado da troca do combustível - todos os modelos à venda, à exceção da A810, da Canon, são abastecidos com baterias de lítio.

Nesse tempo, também manuseei um modelo da Multilaser (marca chinfrim no ramo), a câmera do celular Nokia C3 e ainda a HX100 (avançada Sony). Porém, por questões de padrão, comentei aqui apenas as compactas simples.

E até a próxima.