segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Para aumentar o leque no radinho


Saudações a você, caro leitor. Já se passaram quatro meses da última postagem, onde prometi comentar sobre as operações da LP Transporte Coletivo, que agora já tem registros no Ônibus Brasil. Mas não será desta vez, até porque a ocasião agora é festiva - são cinco anos do nome, e quatro do blog neste novembro.

A propósito, falando no site, retornei para lá independentemente do que eu possa ouvir ou ler sobre o pessoal que circula ali - que são "bozólogos", animais travestidos de internautas, têm um português tão pobre quanto o de um funkeiro, babam ovos de carro novo... Estou cagando para isso. No revés da lógica, não estou tendo altas visualizações e nem recebendo muitos comentários (sim, comentários, estou censurando elogios inúteis para a posição da foto, a pintura, etc), pois minha galeria não está voltada à publicação desgastante de carros "da moda", nem mesmo de vistas dianteiras - por essa razão, o nome dela é este que segue abaixo. Logo, não atendo a esse público.


Voltando ao assunto, em razão da comemoração, deixo como presente duas máquinas, seus respectivos áudios e comentários. Antes, o link da postagem da última comemoração, com o som que alguns odeiam e outros amam, o OF-1722:


A princípio, eu deveria iniciar com um ônibus do Vale do Paraíba paulista, até porque foi lá que tudo começou. No entanto, minha nova cidade tem modelos e configurações raramente encontrados pelo país, incluindo coisas que o próprio Vale tinha até pouco tempo e perdi de conhecer melhor - exemplo claro é o próprio F-113, em Urbanus (acima) e Torino GV. É desse cara aí da foto que vou falar.

Pense no modelo paranaense de transporte público. Visualizou cadeiras baixas, em fila única e com uma virada pra trás no lugar da alta? Inverta apenas essa última e adicione um rádio AM/FM, que a lógica da configuração do 1296 é essa. Como sugerem as setas sobre as portas (e eu deveria ter comentado na última postagem, Castro, burro), o embarque era traseiro, tanto na LP como na Angelo, até mais ou menos 2008 ou 2009. Então, no piso de alumínio, é possível perceber ao fundo do carro, logo entre as caixas de roda, o quadradinho improvisado indicando onde antes o passageiro pagava.

Já que antes falei em lugar pra sentar, com ele conheci uma ergonomia forçada que nem o Vitória da ilha e nem mesmo outro Urbanus - o da Marron, que tinha assento e encosto acolchoados - oferecia. A fibra é porosa, áspera (de propósito, a fim de ninguém sair pela tangente a cada inclinação da carroceria), o que não interfere no conforto - ou a falta dele. Seguindo "o padrão do homem brasileiro", nas palavras do institucional Mafersa, você só fica bem acomodado se ficar com a coluna ereta e a bunda empinada adentro à curva do encosto, façanha complicada pra quem vive torto (por exemplo, nós, estudantes, e também trabalhadores braçais). Do contrário, cada vértebra do meio da sua coluna bate direto ali e causa certa dor.

O que não tira o mérito dele, que é o veículo mais possante da empresa e o segundo urbano mais antigo em operação em Pato Branco (o 2012 é um ano mais velho). Portanto, não importa onde você se sente - ou fique, afinal, como são poucos lugares, e pela linha que opera (CEFET/FADEP), mais provável viajar em pé - irá sentir todo o poder do que é considerado o melhor dianteiro fabricado pela Scania do Brasil. Se não for o motor, que faz o fundo do salão parecer um teatro por sua pureza e vigor, é pelo freio, assoprando tão alto a ponto de os pés tremem. O que estraga o ambiente é justamente, como já anotei acima, ele ter rádio. Vai notar no áudio que não é só o público da linha que fala bastante - lembrando que ele só roda em horários de pico - mas também que há oscilações da frequência, onde a Movimento FM aparece mais nitidamente quando o carro entra em ponto-morto. Talvez outra prova de que, no espaço vetorial em que o F-113 está inserido, ELE é quem manda.


 

Agora é a vez de falar sobre a prata da velha casa. Confesso que, depois de passar alguns meses vendo viações diferentes das quais estava habituado, voltei em maio para o Vale olhando a Pássaro Marron com ainda mais repulsa. Todavia, eu precisava (e queria) encarar o seu serviço, a fim de terminar de chegar à Aparecida. Considerando eu nunca ter feito o trecho em um ônibus desse padrão, mesmo com a constante aparição deles na linha (que liga São José dos Campos a Lorena), foi claro o encantamento da primeira vez. Não por já ter viajado em outros Vissta parecidos, e sim pelo contexto: é você voltando à sua cidade, depois de um certo tempo, a bordo de um carro que gostaria de ter experimentado há muito.

Pois então, pense no interior da imagem abaixo (que é do 5724, mas se assemelha ao do nosso objeto de estudo) mal iluminado e razoavelmente sujo - provavelmente, veio de uma viagem e já ficou na rodoviária esperando a próxima - e some a isso o fato de a porta do banheiro estar quebrada. Como paliativos, o ar condicionado, deixando o salão bem fresco, o cinto de segurança presente e o grandioso OM-447 LA eletrônico, bonito e afinado, cujo qual já vimos aqui na sua concepção original. Além, claro, do silêncio de todos ali acomodados.
  
 
Sobre o O-400, nota-se, pra quem está na poltrona 46 (como estive), um ruído forte, seco e rouco do motor - que engana: você acha que o carro mal saiu do lugar; contudo, ao olhar pela janela, se vê ultrapassando todo mundo. As trocas de marcha são demoradas, e no meio do corredor é possível escutar o tranco originário destas, característica hereditária que veio, no mínimo, desde a linha O-370 - comportamento encontrado também no K-113.

Sobre a carroceria, aplausos ao conjunto. Exceto a porta do banheiro, no que consideramos a manutenção da empresa que, de alguns anos pra cá, se tornou uma vergonha. Outro problema é a poltrona, a mesma do El Buss, macia demais, tornando o passeio cansativo (há um modelo ligeiramente mais firme e largo). Fora disso, não se ouve qualquer chiado egresso de peças soltas.

No geral, ainda vale a pena dar uma conferida neste e em outros ônibus da série, mesmo porque o lote anterior a este já está à venda.


E até uma próxima.