sábado, 22 de dezembro de 2012

Puxão de orelhas

Saudamentos a você, leitor. Nestes últimos dias, vivemos o auge de todos os medos, em razão da sexta-feira. Fim do mundo? Sim, para os que acreditam em profecias - o que não é meu caso. Mas com toda certeza, quando olhamos à nossa volta, temos a impressão de que ele já aconteceu faz tempo, não o mundo físico, e sim o psicológico.

Por que falo disso?! Por estar há poucos dias do natal, feriado no qual há mais suicídios em todo o mundo (e não há matérias sobre)?!

Na verdade, não. Sinto que precisava desabafar.

Quem era leitor assíduo da Revista Interbuss até poucos meses, como eu, lembra-se bem da coluna do mentor do site, Luciano Roncolato, "hobby e diversão". Quando ela foi ao ar, foi o supra-sumo de todos os colecionadores sérios (ou, pelo menos, dos que não agem como pirralhos nos terminais rodoviários). De fato, uma revolução, que de cara ganhou escracho como "o lugar pra lavar roupa suja". Isso ocorreu lá, mas não nos interessa agora.

Passei, por meio dela, a entender como meu próprio psicológico é muito conturbado. Como não me lembro das datas de publicação e nem exatamente o que era dito, apenas a idéia, farei referências ao que se encontrava ali.




Em muitos momentos, Luciano trata o fotografar ônibus como algo para resfriar a cabeça.

Sim, muitos de nós o fazemos porque gostamos, nos sentimos bem com isso. "A Ciência explica que os hormônios da felicidade, cujo principal é a serotonina (bla bla blá)". E não, muitos outros de nós porque já estamos viciados na sensação de registrar um carro diferente. Mais que isso.

Para ele, "não" é a partir do momento em que você começa a deixar coisas que, para uma pessoa normal, seriam absolutamente preferenciais (amigos, família, estudos e trabalho). O que dizer de uma pessoa que não tem alguma delas, como o cara que não tem amigos, não gosta de estar em família, ou então não faz "uma coisa útil" pra sociedade?

"Ah, o cara pode se dedicar mais a um e/ou a outro", "ele tem que mudar", pode-se dizer. Não é bem assim. Não digo que não se deve sentenciá-lo, até porque seria uma incitação à censura, e sim que há de se considerar como cada pessoa pensa, o que viveu, o que espera do futuro, entre outras coisas. Seria pior que obrigar um tímido apaixonado a confessar o seu amor.

Quanto aos jovens - invariavelmente sou um, logo, suspeito para dizer - como realmente são super(sub)estimadores de tudo e todos, o único jeito é paciência. Se nos meus 14 anos eu já redigia - pena o material da época não estar mais disponível - e os de 14 de hoje se enchem de orgulho em tão somente fotografar, não dá pra fazer nada senão incentivá-los a melhorar. Muitos seguidores do Ônibus Brasil estragam essa receita.

"Ai, mas daí ele fica abalado psicologicamente e procura compensação em algum lugar", na réplica. Se ele acha que fazer a festa dos busólogos no OB é o que o faz feliz, o que há de mal? Problema é que há algo de mal.

O site vem sendo frequentado, além dos admiradores, por empresários e outras grandes cabeças do setor (ultimamente tem-se notado a presença do designer da Neobus e de um representante do marketing da Penha). Como Roncolato destacou alguma vez, eles estão de olho em todos os nossos comportamentos ali apresentados. Aí é que nosso filme queima, e a partir daí não dá pra dizer mais, porque todos sabem o que se sucede. No entanto, ainda dá pra respirar: nos últimos dias tenho notado a "salvação da lavoura", lá mesmo, no OB. Consegui encontrar breves discussões INTERESSANTES sobre os pequenos detalhes do transporte em ônibus.


Há uma faceta que gostaria de destacar: a dos que vivem a vida em função do ônibus. Lamento, mas sou obrigado a levantar essa bandeira. Não sou o cara mais feliz do mundo, pelo contrário, tenho potencial depressivo (meu pai também o tinha, em vida). A paixão, que não consegui encontrar plenamente pelos seres humanos, encontrei por essas máquinas. A alegria que achei nos novos amigos é maior que a de viajar sobre um DSC12, mas não é a mesma.

Um adendo: ele considera um hobby como fonte de amigos. Não acho que esteja errado, porém certo, também não. Se não tenho muitos vindos da busologia, isso é uma questão somente minha. Nunca estive nela para fazer amigos, aliás, se fosse assim, procuraria uma atividade mais conhecida, como frequentar bailões, por exemplo. Fotografando ônibus, os leigos me chamam de maluco, os mais próximos acham engraçado, os familiares dizem que "é por falta de mulher". Se fosse um rapaz festeiro, certamente teria outros (e muitos mais) amigos, e diriam que sou "popular", eu seria o "garanhão" da família; se um atleta, "um exemplo"; se um NERD, "o grande dedicado", etc. Enfim, qualquer outra atividade comum me daria mais reconhecimento que simplesmente acompanhar esse modal de transporte de passageiros. Se o faço é porque gosto, não porque preciso de amigos. E depois, quaisquer contatos posteriores ocorre(rão/ram) - ou assim deveriam ser - naturalmente.

Portanto, se o sujeito não é lá muito amigável e só está atrás de informações, e não quer saber de palhaçada, entenda-o. Ele deve ter uma alma corroída, e uma tremenda indisposição em ser conveniente com o que é desnecessário. A propósito, esse tipo é inofensivo, mais ainda perto dos membros de famosas panelinhas (tá lá na coluna), sobre o qual também não devo falar um 'a'.

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Saindo das facetas, "cientificamente, a paixão tem um prazo de validade de (blá blá blá)". Paixão não é exclusividade adolescente. Se o cara pratica o hobby influenciado pelo que há hoje, sinto dizer, ele está mal. Há cinco anos, o ingressante podia encontrar um material não muito vasto, obviamente porque o que saía nos grandes sites era selecionado. Todavia, nas buscas, encontrava mais blogs como este, de comentário, ou como uns que não existem mais - além de fotologs do mesmo tipo - onde, além do veículo registrado, era contada uma história sobre ele, sua remessa ou sua empresa.

Felizmente, a mídia impressa comum ainda existe, e a mesma idéia de leitura também se aplica ao busólogo: ele tem salvação, se ler mais. Só que, num país onde o sistema educacional aprova o "vagaluno", e nivela por baixo os que fazem jus ao nome científico - Homo sapiens - cabe a mim, a você, leitor, e outras pessoas sérias dessa "bagaça", o fomento de conteúdo relevante. Não precisa sair por aí escrevendo aos quatro ventos, basta dar baixa em comentários vazios (o botão gostei/não gostei, do OB, o substitui muito bem) e fazê-los sobre o que é pertinente. Tudo o que acresce, seja em comparações, exemplos ou até críticas, é de certa forma bem-vindo. E que entenda - e debata também, porque é melhor ainda - quem quiser.

Deixo, para finalizar, o endereço de dois blogs textuais, tais como este:
Pizzaria do Poder (do grupo de blogs do extinto Terminal Laranja)
Busologia Desgovernada

E para recordar:
Puxão de orelhas

E até a próxima.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Para aumentar o leque no radinho


Saudações a você, caro leitor. Já se passaram quatro meses da última postagem, onde prometi comentar sobre as operações da LP Transporte Coletivo, que agora já tem registros no Ônibus Brasil. Mas não será desta vez, até porque a ocasião agora é festiva - são cinco anos do nome, e quatro do blog neste novembro.

A propósito, falando no site, retornei para lá independentemente do que eu possa ouvir ou ler sobre o pessoal que circula ali - que são "bozólogos", animais travestidos de internautas, têm um português tão pobre quanto o de um funkeiro, babam ovos de carro novo... Estou cagando para isso. No revés da lógica, não estou tendo altas visualizações e nem recebendo muitos comentários (sim, comentários, estou censurando elogios inúteis para a posição da foto, a pintura, etc), pois minha galeria não está voltada à publicação desgastante de carros "da moda", nem mesmo de vistas dianteiras - por essa razão, o nome dela é este que segue abaixo. Logo, não atendo a esse público.


Voltando ao assunto, em razão da comemoração, deixo como presente duas máquinas, seus respectivos áudios e comentários. Antes, o link da postagem da última comemoração, com o som que alguns odeiam e outros amam, o OF-1722:


A princípio, eu deveria iniciar com um ônibus do Vale do Paraíba paulista, até porque foi lá que tudo começou. No entanto, minha nova cidade tem modelos e configurações raramente encontrados pelo país, incluindo coisas que o próprio Vale tinha até pouco tempo e perdi de conhecer melhor - exemplo claro é o próprio F-113, em Urbanus (acima) e Torino GV. É desse cara aí da foto que vou falar.

Pense no modelo paranaense de transporte público. Visualizou cadeiras baixas, em fila única e com uma virada pra trás no lugar da alta? Inverta apenas essa última e adicione um rádio AM/FM, que a lógica da configuração do 1296 é essa. Como sugerem as setas sobre as portas (e eu deveria ter comentado na última postagem, Castro, burro), o embarque era traseiro, tanto na LP como na Angelo, até mais ou menos 2008 ou 2009. Então, no piso de alumínio, é possível perceber ao fundo do carro, logo entre as caixas de roda, o quadradinho improvisado indicando onde antes o passageiro pagava.

Já que antes falei em lugar pra sentar, com ele conheci uma ergonomia forçada que nem o Vitória da ilha e nem mesmo outro Urbanus - o da Marron, que tinha assento e encosto acolchoados - oferecia. A fibra é porosa, áspera (de propósito, a fim de ninguém sair pela tangente a cada inclinação da carroceria), o que não interfere no conforto - ou a falta dele. Seguindo "o padrão do homem brasileiro", nas palavras do institucional Mafersa, você só fica bem acomodado se ficar com a coluna ereta e a bunda empinada adentro à curva do encosto, façanha complicada pra quem vive torto (por exemplo, nós, estudantes, e também trabalhadores braçais). Do contrário, cada vértebra do meio da sua coluna bate direto ali e causa certa dor.

O que não tira o mérito dele, que é o veículo mais possante da empresa e o segundo urbano mais antigo em operação em Pato Branco (o 2012 é um ano mais velho). Portanto, não importa onde você se sente - ou fique, afinal, como são poucos lugares, e pela linha que opera (CEFET/FADEP), mais provável viajar em pé - irá sentir todo o poder do que é considerado o melhor dianteiro fabricado pela Scania do Brasil. Se não for o motor, que faz o fundo do salão parecer um teatro por sua pureza e vigor, é pelo freio, assoprando tão alto a ponto de os pés tremem. O que estraga o ambiente é justamente, como já anotei acima, ele ter rádio. Vai notar no áudio que não é só o público da linha que fala bastante - lembrando que ele só roda em horários de pico - mas também que há oscilações da frequência, onde a Movimento FM aparece mais nitidamente quando o carro entra em ponto-morto. Talvez outra prova de que, no espaço vetorial em que o F-113 está inserido, ELE é quem manda.


 

Agora é a vez de falar sobre a prata da velha casa. Confesso que, depois de passar alguns meses vendo viações diferentes das quais estava habituado, voltei em maio para o Vale olhando a Pássaro Marron com ainda mais repulsa. Todavia, eu precisava (e queria) encarar o seu serviço, a fim de terminar de chegar à Aparecida. Considerando eu nunca ter feito o trecho em um ônibus desse padrão, mesmo com a constante aparição deles na linha (que liga São José dos Campos a Lorena), foi claro o encantamento da primeira vez. Não por já ter viajado em outros Vissta parecidos, e sim pelo contexto: é você voltando à sua cidade, depois de um certo tempo, a bordo de um carro que gostaria de ter experimentado há muito.

Pois então, pense no interior da imagem abaixo (que é do 5724, mas se assemelha ao do nosso objeto de estudo) mal iluminado e razoavelmente sujo - provavelmente, veio de uma viagem e já ficou na rodoviária esperando a próxima - e some a isso o fato de a porta do banheiro estar quebrada. Como paliativos, o ar condicionado, deixando o salão bem fresco, o cinto de segurança presente e o grandioso OM-447 LA eletrônico, bonito e afinado, cujo qual já vimos aqui na sua concepção original. Além, claro, do silêncio de todos ali acomodados.
  
 
Sobre o O-400, nota-se, pra quem está na poltrona 46 (como estive), um ruído forte, seco e rouco do motor - que engana: você acha que o carro mal saiu do lugar; contudo, ao olhar pela janela, se vê ultrapassando todo mundo. As trocas de marcha são demoradas, e no meio do corredor é possível escutar o tranco originário destas, característica hereditária que veio, no mínimo, desde a linha O-370 - comportamento encontrado também no K-113.

Sobre a carroceria, aplausos ao conjunto. Exceto a porta do banheiro, no que consideramos a manutenção da empresa que, de alguns anos pra cá, se tornou uma vergonha. Outro problema é a poltrona, a mesma do El Buss, macia demais, tornando o passeio cansativo (há um modelo ligeiramente mais firme e largo). Fora disso, não se ouve qualquer chiado egresso de peças soltas.

No geral, ainda vale a pena dar uma conferida neste e em outros ônibus da série, mesmo porque o lote anterior a este já está à venda.


E até uma próxima.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O azul fora do céu...

"Saudamentos", caro leitor. Depois de mais de quatro meses, de volta para desatarrachar as porcas e não dar a impressão de que o "Rodoviária Digital" virou um nome morto. Como dito na última postagem, estaria eu escrevendo de Pato Branco, no Sudoeste do estado onde faleceu o mestre Alborghetti e, infelizmente, nasceu o ídolo maldito do "Ai, se eu te pego", cujo qual dá ânsia de vômito só de citar.

NO ENTANTO, devido à paralisação nas universidades federais, fui obrigado a retornar às origens, voltar a viver no meio da gentalha e próximo de uma tal de Pássaro Marron. Não seria de todo mal, se minha própria família não estivesse me remoendo para desistir do curso da UTFPR, por estar a mais de 1000 quilômetros de distância. Não entendem que os quero bem (longe). Que os ônibus desta postagem são de uma cidade que nem parece que é no Brasil, tão visível a qualidade de vida do seu povo. Que... Bom, deixa pra lá.

Antes de começar, deixo o link de um novo áudio, não vou falar sobre o carro desta vez. É o 6049, na Pato Branco x Guarapuava, e foi gravado no trecho entre a partida e a primeira cidade do caminho, Coronel Vivida. Para ouvir e/ou fazer o download, há de se logar no servidor.



Eis uma das empresas do transporte urbano de Pato Branco. A propósito, são simplórias, então esqueça isso de "muitos irmãos", como em Maringá ou Londrina, no Norte. E, pelas dimensões e capacidades da cidade, não há necessidade de mais que os 30 carros que lá rodam para ser atendida. Podia ser operado por uma viação só, contudo o serviço é "rachado" pra dois: a LP Transporte Coletivo, cuja qual farei uma outra postagem (pois tenho comentário sobre seu serviço), e a Trans Angelo, que não cheguei a utilizar, mas acompanhei de perto, de vista.


A maior parte dos seus 12 "apóstolos" roda pouco, e o dia útil de operação tem três momentos expressivos: o pico da manhã, o do almoço e o do lusco-fusco (cair da noite). Nesses horários, de seis a nove carros estão na rua. De resto, cinco fazem as principais linhas.


Sobre elas, são todas circulares, com "partidas" do "terminal" (um grande ponto de ônibus do centro onde antes era a rodoviária). As que têm horários para o dia todo são elas:

- São Roque do Chopim: distrito próximo à divisa com Coronel;
- Planalto: bairro à beira da BR-158;
- Guarani: vai em algumas viagens até o câmpus da UTFPR, passa pelo atual terminal e percorre metade da rua, uma das mais movimentadas do centro, que dá nome à linha.

As que só operam nos picos são:

- São Cristóvão: um dos muitos pontos altos (morros, mesmo) do município, roda com o único Scania da viação, cuja foto é a última da postagem;
- Fraron: local pouco afastado que fica à beira de duas rodovias, a 158 e a PR-493, tem poucos horários pois a linha da UTFPR é "costeira" do bairro.


Voltando à parte dos "muitos irmãos", a Angelo é a completa antítese disso: NENHUM veículo é igual ao outro. São todos diferentes em alguma coisa, do seguinte modo:

- Torino '94 "GV": 2012 e 2015 são quase iguais, porém este último tem janelas padrão RIO, 2013 é o F113 (abaixo) e 2017 (acima) é um ex- Expresso Pégaso - ainda não identificado;
- Torino '99 "GV2": 2016, 2018 e 2021, com chassis diferentes entre si;
- Torino '07 "G6": 2023 o 17-230 automatizado (abaixo) e 2025 o 1722 ex-Rio (KNV3586, caso queira consultar no RENAVAM).

NOTA: na contagem dos 12 não foi incluído o seu primeiro Comil, 2026, um Svelto 17-260 dianteiro que chegou no fim de abril e, pelo menos até que eu saísse de lá (última semana de maio), ainda não tinha começado a trabalhar.


Curiosidade sobre o modus operandi da Angelo: poucos ônibus, garagem pequena, três casas com família no seu interior, uma delas da proprietária da empresa. Ali é feito o básico. Limpeza e lavagem simples, troca de pneus, configuração de itinerários. O abastecimento é feito pra fora, no posto Guarani (rede Ipiranga, rua Guarani), e a lavagem completa em um outro lugar, distante da garagem.

A frota toda possui posto de cobrador, porém, em linhas como a da UTFPR e a do Fraron, ele não é utilizado. Trata-se de um costume não só dela, mas também da LP e até da Bran Tur (nas linhas intermunicipais).


Bem, esta é uma. Na próxima postagem, que não sei quando terei tempo hábil de fazer - fiz esta enquanto em greve, em uma pausa nas listas de Física e Geometria Analítica - tratarei de falar sobre a outra, a LP, e dela posso falar um pouco mais por ter utilizado seus serviços. E acredito que soará como novidade, pois nem cadastro no Ônibus Brasil ela tem.

E até a próxima, daí.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Nostalgia capenga

Saudamentos a você que está começando a ler este texto. Primeira postagem do ano, última sendo escrita no Estado de São Paulo. Sim, vou-me embora para a cidade de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, quase na divisa com Santa Catarina. PARA QUÊ? Estudar. Fui aprovado pelo SiSU, e em janeiro último já estive na cidade para fazer a matrícula (e ter uma prévia do que virá a partir do próximo dia 2). É justamente a volta dessa viagem a bola da vez.

Antes de seguir, hoje sem pormenores, deixo aqui o vídeo do novo Torino da Pássaro Marron. Breve, porém suficiente para mostrar um pouco do carro, que realmente aparenta um acabamento superior aos modelos fabricados entre 2009 e 2010. Como se a Ciferal tivesse reaprendido a fabricar ônibus.





Para começar, deixo claro que a linha Foz do Iguaçu (PR) x Rio de Janeiro (RJ) é operada por duas empresas. Pluma e Kaiowa, em horários quase iguais, assim como seus preços - o trecho que usei, de Aparecida(SP) até Guarapuava (PR) saiu em R$ 132 para ir, pelos Constantinos, e em R$ 129 para voltar, pela outra. O que é relativo, afinal de contas, taxa de embarque é um problema maior fora do Estado gerido por Beto Richa.

E, sendo uma concorrência, inevitável a comparação. Portanto, desde já: o oferecido pela "pena de tribo" é mais aconchegante, organizado e sociável. Para se ter idéia, encontrei na ida uma família inteira de paraguaios na frente, alguns casais no meio, minha mãe, mais ao fundo um estudante - assim como serei -, uma velha senhora, e eu na poltrona 42, tendo depois que dar o lugar à esquerda a um "filhotinho de São Francisco". O ruim são as muitas paradas, entre elas a da troca de motorista, que chegou a 30 minutos. Mesmo assim, pouco impontual: saiu e chegou 40 minutos depois do previsto, apenas.




Por tantas atribuições positivas, encontrar lugar para voltar foi o martírio. Um dia antes, o carro de Foz para o RJ já estava esgotado - e era JB380, dei azar indo na porcaria do G7. O site da Pluma afirmava ter lugar sobrando. "Não tem TU, vai TU mesmo".

Mas nem Marinês (a atendente alegre do guichê de Guarapuava) para salvar o que já começara afundado. Uma chuva na região e lá se fora o pára-brisas do primeiro carro. Extra? O irmão do da foto aí, 3428, Paradiso 1993. DUAS horas e vinte de atraso. Entrar não era problema, um mal estava na ponta do nariz. CHEIRO. Cheiro de velho, de empresa que deixou o carro mofar e não fez higienização periódica. Talvez pela chuva lá fora, a poltrona dura ficou sebosa. Bar grande - caberiam dois lugares lá - e com pouca utilidade, só água, e ainda assim em copos individuais, já que as torneirinhas para ela e o café não existiam mais. Banheiro até razoável, não fosse o espírito de porco de alguns que os impedissem de dar descarga. Teto com problemas: algumas muitas gotas d'água me atingiram a perna. Máquina de sustos, o ar-condicionado já barulhento quebrou e acordou todo mundo no fim da madrugada.

Olhando os demais passageiros, medo. Com a muamba no maleiro - lotado -, gente com cara suspeita que usa o serviço da empresa não por falta de opção, e sim por tradição, já que a Pluma é pioneira da área (mais precisamente desde o início dos anos 70). Correndo os riscos não só do veículo, tomando o 3428 de exemplo, mas também os de acidente, pois não é difícil ver histórias de motoristas rosados com pé-de-chumbo que perdem o controle da direção.

De qualquer maneira, apesar da péssima acomodação, a viagem é tranquila. E expressa - paradas mesmo, durante o trecho que peguei, só Ponta Grossa, um posto de beira de estrada antes de Sorocaba, a Barra Funda e a garagem na capital Paulista, depois São José dos Campos e Aparecida. Verá logo ao começo do áudio várias atuações do freio-motor; eis o trecho ardido de PG, cheio de subidas, planos e descidas. E não estranhe: o ar havia sido desligado ali mesmo, era da rodoviária para a garagem e lá, a primeira troca de motoristas.

Dica: se tiver oportunidade de escolher quando precisar da linha, vá de Pluma apenas se for em nome do saudosismo - os K113 da série 38xx rodam em peso nela. Agora, se o programa incluir pessoas que ama, ou então buscar por qualidade, "meu herói" está à disposição. Basta comprar a passagem com boa antecedência.

E até a próxima, lá de Pato Branco, daí.