sexta-feira, 9 de setembro de 2011

De carona nos sexylindros

Motor nove litros, fabricado no ano de 1998. Saudamentos, leitor. Hoje, vamos dar uma pequena volta ao passado, ouvindo um pouco da máquina que, até fevereiro deste ano, foi cartão-postal de São José dos Campos: O Scania F94. Antes, vamos dar uma batizada nos tempos:

-Aparecida: Nos últimos dois meses, fui "recebido" por dois Williams paranaenses, Schimitt e Schembergue. Ambos vieram em sábados (9 de julho e 27 de agosto, respectivamente), típico dos sulistas. Passaram algumas horas no viaduto (no caso do último, quase o dia todo) e saíram dele com a rede cheia de ônibus novos. Agora o tempo é de vacas magras, mas o que importa? Quando vier até Aparecida, não perca seu precioso tempo no pátio. No trecho, você pode pegar os sem-placa, além de, andando pouco, pegar os suburbanos e os principais rodoviários que cortam o município ao longo do dia.

-Marron: É de encher a boca de baba, os olhos de lágrimas e a face de expressões de alegria. O Constantino comprou a Pássaro Marron e a Litorânea sim, e daí? Agora os funcionários estão trabalhando muito mais. O motorista pé-de-chumbo do áudio do 1504 pediu as contas e saiu da empresa. A limpeza dos carros tem sido melhorada ligeiramente. A manutenção dos Urbanuss do Guará x Aparecida anda deixando a desejar. Pelo menos, a empresa já é do rei. Da muquiranice.

-CS Brasil: Corrigindo os pormenores da última postagem, Sveltos 17-230 E 15-190 no municipal de Mogi das Cruzes, todos com segunda porta no meio, além dos Vip II 17-230. Dizem que vai chegar 17-260 novo, para aposentadoria dos traseiros SC da série 460xx.



-K124: Topar com um Scania nas linhas da Cometa que pertenciam à Expresso Brasileiro não está difícil. Quase todas as tardes, a linha de Praia Grande tem sido atendida por um série 35xx. Quando não um O-400RSE, que vez e outra surge para o horário das 16:30. Porém, como nem tudo são flores, as primeiras viagens ainda são anexadas aos cinquentões (que todo mundo critica, e como já disse em outra postagem, são excelentes).



Pense você na véspera de finados, como estaria uma cidade grande como São José dos Campos. Movimentada demais para o pacato cidadão. Depois de voltar de Jacareí, com as fotos dos então novos Torinos Volkswagen da JTU, um rápido passeio pela cidade foi feito neste carro da foto. Aliás, junto do companheiro Gabriel Alves, esperei na avenida São José pelo primeiro Scania que aparecesse. Ele próprio.

Nossa viagem teria sido maior, não fosse uma ligação do Ojuara Yelsew. Nos vimos obrigados a descer e rumar a garagem da Viação Sampaio, já que o (também) então novo G7 da Garcia estava lá. Mesmo assim, nos dez minutos de prazer a bordo do bólido, este, pois tive o prazer de curtir um ex-Rio (o poderoso 3535, da linha 101 - Represa x Rodoviária Velha), e, nas posterioridades, andar no "da casa" 1025 (que também seria filmado, não fosse uma VATRAPUPI - vagabunda, trambiqueira, puta e piranha - que estava berrando feito louca no bicho cinza), não houve o que reclamar.

EXCETO os 49 lugares, que poderiam ser 50 se, antes do posto do cobrador, tivesse menos fila única. Imagine um veículo de 13 metros, dotado de piso de madeira - com tiras de borracha no corredor central e um tapete colado no meio fazendo as vezes de remendo, assentos de encosto baixo e os gratuitos destacados em vermelho e balaústres azuis. Tudo montado como um conjunto sólido, com 12 anos sob os cuidados do grupo RGS, e que encarara, diariamente, o viário da cidade que não era campeão fora do centro (em algumas das ruas, era evidente que nem lá escapava da má qualidade).

TAMBÉM seria melhor se tivéssemos pêgo não o perímetro urbano, mas sim o rodoviário (SP-50, que envolve as linhas rurais). O carro estaria acabando de chegar da roça. A idéia consistiu em fazer a volta no centro inteiro, a passeio, e descer na Rodoviária Velha. Verá no áudio que o 3050 demora a desenvolver, justamente por essa "amarra" do trânsito. Só em uma avenida larga - não sei o nome dela - o motorista se sentiu à vontade para pisar, e o cobrador para tomar ar e assobiar na parada.

A propósito, o propulsor DSC9 também já estava se afinando à música. Não se compara a nenhum O-371, que é o rei do sopro agudo, mas seria o suficiente para proporcionar um certo tesão ao saudosista mais apaixonado. Mesmo em baixas rotações, o inconfundível som fazia sua vez, dando a impressão de mais tecnologia embarcada do que realmente havia (o chassi, em sua estrutura, é quase que totalmente mecânico, como os outros de sua época). O Schimitt me convidou pra rever a fera, alegando que os de Curitiba estariam assim, com o biquinho posto pra fora. Principalmente os de 310 cavalos, encarroçados em Doppio. E que ralam nas ladeiras da região metropolitana do Paraná, nos horários de pico.

Deixando de lado a piração, nota-se que o ônibus conseguia andar suave, com giro baixo, fazendo tão pouco ruído que dava vontade de deitar sobre o capô. A frenagem era eletrizante: mesmo quando não brusca, gerava um sopro mais grave, tal como ouvirás, que é praxe da Scania. A carroçaria batia minimamente, os Urbanuss não adaptados da Marron passam vergonha diante dele, o que leva a crer que, não fosse a decisão do prefeito Eduardo Cury, ele e os seus irmãos (outros 14 espichadinhos como este) estariam circulando firmes e fortes até hoje, ao invés de terem tomado chá de sumiço e, talvez, estarem servindo como carros de desmanche.

Aí vai o áudio, para que possa conhecer (ou matar a saudade). E até a próxima.


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